As Origens dos Capuchinhos
No início do século XVI, fr. Mateus de Bascio, sacerdote da Ordem dos Frades Menores, jovem de pouca cultura mas com jeito de pregador popular, pertencia ao grupo, que na Província das Marcas reclamava a liberdade de observar a Regra ao pé da letra. Disse que teve uma visão, em que o próprio São Francisco o confirmou em sua atitude, no qual viu também que o hábito do Seráfico Pai não era o mesmo que então vestiam, mas muito mais rude e com capuz pontiagudo costurado à túnica. Adotou esta veste, e deu-se à prática literal da Regra. Por não contar com a aprovação de seus superiores, uma noite saiu secretamente de seu convento de Montefalcone e foi para Roma. Obteve de Clemente VII, a permissão para observar a Regra segundo seus desejos, vestir o hábito que já levava e andar pregando por toda a parte. Começou a anunciar a palavra de Deus, com grande fervor. O Provincial João de Fano mandou encarcerá-lo, como fugitivo e vagabundo, no convento de Farano. Quando estava preso havia uns três meses, a notícia chegou a Catarina Cibo, duquesa de Camerino, sobrinha de Clemente VII, que o venerava, porque exercera heroicamente a caridade junto aos empesteados em 1523, e exigiu imediatamente sua libertação.
Catarina Cibo, apresentou uma petição de Ludovico e Rafael a seu tio, Clemente VII, quando este se encontrava em Viterbo. Depois de prudente exame, o Papa expediu a bula "Religionis Zelus" à 3 de julho de 1528, que dava existência jurídica à nova fraternidade. A Ordem Capuchinha estava fundada. A duquesa fez publicar imediatamente o documento, na praça pública de Camerino, e em todas as igrejas de seus domínios. A bula era dirigida a Ludovico e Rafael de Fossombrone e continha os seguintes pontos: faculdade para levar vida eremítica, seguindo a Regra de São Francisco, para usar barba e o hábito com capuz piramidal e para pregar ao povo; os reformados ficavam sob a proteção dos superiores conventuais, porém sob o governo direto de um superior próprio com autoridade semelhante aos dos provinciais; estavam autorizados a receber noviços, tanto clérigos como leigos. Com a bula "Religionis Zelus" um grande número de observantes e alguns noviços foram unir-se aos Capuchinhos; foi preciso multiplicar os eremitérios e pensar numa organização mais planejada. Em abril de 1529, convocou-se o primeiro Capítulo (assembléia), formado por doze religiosos, com o fim de eleger os superiores e redigir as Constituições. Realizou-se no eremitério de Albacina. Ali foram escritas, à luz da oração e da letra da Regra, as primeiras Constituições, cujo conteúdo pode resumir-se nos seguintes pontos:
5. Não se admitem avalistas ou procuradores. As casas sejam edificadas fora das cidades e continuem sempre como propriedade dos benfeitores; na medida do possível, se construa de vime e barro; as celas sejam tão pequenas e estreitas, que mais pareçam sepulcros. Haja uma ou duas ermidas afastadas do convento para os frades que queiram retirar-se com toda a liberdade para viver em oração e levar vida mais rígida. Em cada casa não haja mais que sete ou oito religiosos; nos conventos mais importantes, dez ou doze, no máximo. As igrejas sejam pequenas e pobres. Fr. José Carlos C. Pedroso, OFMCap
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